quinta-feira, 8 de abril de 2010

CANTINHOS DE LISBOA I V

SENHORA DA SAÚDE
CONTINUAÇÃO
A VINDA DA IMAGEM Imagem da Senhora da Saúde

Mudou-se,porém,para a capelinha a imagem da Senhora da Saúde,que "morava"no vizinho Colégio de Jesus,situado no edifício dos Meninos Órfãos,do outro lado da rua.O culto dos doentes e aflitos--entretanto já não especificamente por causa da peste,mas,mais genericamente,por temor de qualquer enfermidade--voltou-se mais para a Mãe de Jesus.S.Sebastião acabou por ter outra paróquia com o seu nome,em Lisboa,por sinal a freguesia onde nascem mais lisboetas:

S.Sebastião da Pedreira.Mas a essa chegaremos um dia, se o mesmo santinho me ajudar a conservar a saúde e o fôlego.Entretanto, diga-se que a imagem de S.Sebastião continua não só a figurar na capelinha como a ter lugar de honra na procissão que anualmente percorre as ruas da Mouraria e imediações. Imagem de São Sebastião
Agora se repara que ainda não entrámos:
É tempo de o fazer e verificar como maior simplicidade não será fácil de atingir.
Ermida de aldeia transplantada para o centro de uma cidade cosmopolita?
Mas,exactamente,o seu encanto vem daí...Bastará recordar os versos de Gabriel de Oliveira:
já postados;
"Há festa na Mouraria
É dia da procissão
Da Senhora da Saúde"
O interior
Apesar do espaço exíguo e do seu ar de--perdoe-se a irreverência--igrejinha de bonecas,ainda é possível ver,na única nave existente,vários pontos de interesse nesta capelinha da Senhora da
Saúde:assim os altares laterais,da Senhora da Piedade e de Cristo Crucificado.E, em lugares de evidência,as imagens que figuram habitualmente na procissão:Santo António (podia ele lá faltar numa manifestação tão tipicamente lisboeta?...) e São Sebastião,além, evidentemente, da Senhora.
O retábulo da autoria do escultor Brás de Oliveira.Serão de notar ainda os azulejos,oitocentistas,que se espalham pelo corpo da igreja.

A procissão
Lisboa manteve (e reatou os usos, depois de alguns anos de interrupção)algumas procissões voltaram a realizarem-se As maiores realizam-se em cada ano e em cada paróquia,a de Santo António e se mantém, a de S.Jorge e esta, da Senhora da Saúde.
Realizou-se pela primeira vez em 20 de Abril de 1570 e permaneceu,praticamente sem interrupções,até 1910,ano em que foi proclamada a República.
Voltou às ruas mais tarde e continua a despertar o entusiasmo popular.Realiza-se num domingo de Abril ou de Maio,conforme o calendário litúrgico.
As Forças Armadas
Os artilheiros foram,como ficou dito,os primeiros militares a dar corpo e vida à capela.
Continuam a incorporar-se na procissão, tendo a seu cargo o andor de São Sebastião.
No entanto,o seu exemplo foi seguido por todos os ramos das Forças Armadas, pelo que actualmente se vêem no cortejo religioso representações do Exército, Armada, Força Aérea e corpos militarizados, como a PSP e a Guarda Republicana.
Não só todos eles enviam um pelotão, como as respectivas bandas, pelo que a música não falta no longo cortejo.Como sempre lá estão os outros soldados,os da paz--Bombeiros (sapadores e voluntários) e a Cruz Vermelha.
O Poder Central e local
Uma tradição que foi reatada há uns anos--quando a procissão recomeçou--e se mantém, felizmente, é da investidura do manto da imagem da Senhora da Saúde.Todos os anos,esta tarefa cabe à primeira dama portuguesa:manda ela fazer o manto e vai, nas vésperas da procissão,
colocá--lo na imagem.Geralmente,incorpor-se depois no próprio cortejo,atrás do andor.O uso já vem do tempo das rainhas.Actualmente,as esposas dos Presidentes--e independentemente das suas ideais religiosas --têm respeitado o terno costume.Por outro lado, na procissão está sempre represantada a Câmara Municipal de Lisboa,através do seu presidente e de alguns vereadores.
Tomam estes lugar no cortejo num lugar óbvio:atrás do andor de Santo António.
fotos de A.Filipe

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