quarta-feira, 31 de março de 2010

CANTINHOS DE LISBOA III

SENHORA DA SAÚDE
Devoção nascida por causa das pestes
Quando deambulámos pela cidade deparamos-nos,com um dos mais singelos monumentos lisboetas:A capelinha da Senhora da Saúde,talvez aquela que mais arreigada está ao espírito lisboeta,tocante pela simplicidade que respira e inspira.. A Capela começou por ser dedicada a São Sebastião,há mais de 400 anos

Tudo começou há muitos séculos.Lisboa,pela sua situação,virada ao mar e açoitada pelo vento,entreposto de gentes diversas,foi sempre vítima de epidemias.

A peste,o flagelo da Idade Média e mesmo já da Idade Moderna,grassou por esta cidade diversas vezes,fazendo vitimas sem conto.Ora o santinho a quem os crentes se apegavam nas suas orações a pedir auxílio contra tal doença era São Sebastião.Na verdade,este tinha sido um oficial romano que,por ser cristão,foi condenado a uma tortura requintada: iam-lhe acertando com setas em vários sítios do corpo que não fossem vitais;quer dizer-não visavam os algozes o coração ou um órgão que,atingindo provocasse morte rápida.O moço cristão acabou, pois,por se esvair numa agonia lenta.Mas o seu corpo,apesar das feridas e de abandonado em local ermo,ao ser encontrado mais tarde pelos cristãos,não deitava qualquer cheiro nem apresentava sinais de corrupção.Foi pois tido como advogado contra a peste,maleita que provocava exactamente uma decomposição rápida e um odor horrível.Os artilheiros de Lisboa ergueram então na Mouraria igrejinha em honra de S.Sebastião pedindo-lhe que os protege-se contra a peste.E em1596,o Arcebispo de Lisboa D.Manuel de Castro,mandou que a igrejinha passasse a ser paroquial;passou assim a existir a freguesia de S.Sebastião da Mouraria, curiosamente desanexada da de Santa Justa -para onde,veio parar outra vez.Mas,50 anos depois,a sede da freguesia foi mudada para a igreja do Socorro,a tal que iremos falar numa próxima ocasião,(breve penso eu),e que em tempos se erguia, onde hoje confluem as ruas da Palma,de São Lázaro e de José António Serrano,sensivelmente no sítio onde está agora um outro centro comercial.A actual igrejinha da Saúde continuava,porém, a ter a invocação de São Sebastião,embora já sem as honras de paroquial.

"Há festa na Mouraria,É dia da procissão,Da Senhora da Saúde..."

Continua no próximo post com:

A vinda da Imagem;-O seu interior;-A procissão ;-As Forças Armadas;-Poder central e local.

quarta-feira, 24 de março de 2010

LISBOA ELEITA

Lisboa acaba de ser eleita o "Melhor Destino Europeu 2010 - A escolha dos consumidores," com base nos resultados da votação numa lista de dez cidades propostas pela associação dos consumidores Europeus,uma entidade independente com sede em Bruxelas.

Noticia sic sapo.pt

fotos de A.Filipe

terça-feira, 16 de março de 2010

CANTINHOS DE LISBOA

LISBOA
UM POUCO DE CRONOLOGIA
Séc.II a.c--------Inicio da romanização
60 a.c------------Colónia romana Felicita Julia
Séc.V------------Invasões bárbaras e inicio da ocupação visigótica
719--------------Conquista muçulmana
1147-------------Conquista aos mouros por D.Afonso Henriques
1170-------------Doação do Foral aos mouros forros
1179-------------Foral da cidade
1256------------Capital do reino
1373-75---------Construção da cerca fernandina
1496-97-------- Expulsão dos judeus e extinção das judiarias
1531------------Grande terramoto
1569------------Grande epidemia,a que se seguiu uma outra em 1575
1650------------Primeiro levantamento e planta topográfica
1662------------Definição do perímetro urbano através de uma linha de fortificações
1731-48--------Construção do Aqueduto das Águas Livres
1755------------Grande terramoto
1770------------Plano de divisão paroquial
1775------------Inauguração da estátua equestre de D.José I no Terreiro do Paço
1780-----------Primeira experiência de ilumunação pública a azeite e novo plano de divisão das paróquias (freguesias)
1801-----------Afixação dos nomes das ruas
1807-----------Transferência da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro
1835-----------Primeiro cemitério público urbano
1848-----------Primeiros candeeiros a gás
1865-----------Estação de Caminhos de Ferro de Santa Apolónia
1888-----------Início da iluminação elétrica
1901-----------Transportes elétricos
1907-----------Primeiros automóveis de aluguer
1959-----------Reorganização administrativa com a definição de 53 freguesias; primeiro troço do metropolitano
1966-----------Inauguração da Ponte sobre o Tejo

quarta-feira, 10 de março de 2010

CANTINHOS DE LISBOA I I-

SOCORRO-MOURARIA :
Restos de um antigo arrabalde fechado
Socorro lembra nas ruas
velha presença dos Mouros

Conquistada Lisboa,os mouros passaram a habitar num subúrbio do Castelo,até à expulsão,determinada por D.Manuel I.

A freguesia do Socorro,a autarquia da cidade que é habitual identificar com a Mouraria,ou pelo menos,com a sua parte mais popular.
Poderão os mais rigorosos acusar de tendências simplistas aqueles que, sem cuidarem de grandes delongas,chamam genericamente "Mouraria" a toda a zona da cidade que sai da Baixa pombalina e se aventura pelas primeiras subidas do flanco do Castelo.Haverá por certo definições mais minuciosas e científicas. Mas o certo é que a noção percorreu gerações e tem a razão de ser:conquistada que foi Lisboa(entendida então pelo que ficava dentro das muralhas e pelas cercanias imediatas) pelas tropas de Afonso Henriques e pelos cruzados,para algum lado haviam de ir os vencidos.E o primeiro rei resolveu a questão,determinando que os mouros passassem a habitar um subúrbio a noroeste do castelo.Nascia,assim, obviamente dos "mouros", a Mouraria .
Bem pode dizer-se que ficava então uma cidade dentro de outra.Ali,podiam os habitantes professar livremente a sua religião e manter os seus costumes:as hortas.os lagares,os trabalhos de olaria,os banhos,os cemitérios próprios... As duas comunidades,cristã e moura,podiam livremente comercializar,mercadejar entre si.Mas as relações ficavam-se pela coexistência mais ou menos pacífica: ao anoitecer,a Mouraria fechava as suas portas e, a partir desse momento,todo o contacto era rigorosamente proibido.
Rigor da separação
Conforme as épocas,assim o rigor da separação entre as duas comunidades aumentava ou diminuía de intensidade. Em dada altura (mais ao menos pelo século XIV),qualquer mulher cristã que entrasse na Mouraria arriscava-se a ser enforcada. D.Pedro I decretou que um mouro que circulasse pela Lisboa cristã depois do Sol posto fosse açoitado.
Claro que uma coisa era a teoria e outra a prática: a proximidade das moradas,a natural curiosidade de um e outro campo,o desejo de copiar o que fosse mais prático,a indesmentível apetência pelo "fruto proibido",fizeram com que alguma aproximação se desse, chegando mesmo a haver ligações,obviamente disfarçadas,entre cristãos e mouras ou mouros com cristãs.
D.Manuel I quis por termo a este estado de coisas, expulsando os mouros,confiscando-lhes os bens - e convidando,afinal, a uma mescla maior, embora mais hipócrita,porque,entre maometanos como judeus,algumas "conversões"houve que foram feitas com sentido prático e não por convicções íntimas.
De qualquer forma, com a expulsão oficial dos mouros,a população cristã invadiu o arrabalde e espalhou pelas ruas os símbolos da religião cristã. A beira da porta da Mouraria (porta aberta na Cerca Fernandina e que correspondia,mais ao menos,ao antigo Arco do Marquês do Alegrete,de que muitos lisboetas ainda se lembram), nasceu,por exemplo, o culto a S.Sebastião, advogado contra as pestes, e logo a seguir a devoção pela Senhora da Saúde,que ainda lá está - embora não pertença já à freguesia do Socorro que agora nos ocupa.
Limites e prolongamentos
Também já se encontraram reminiscências mouras na vizinhas freguesias de São Lourenço e São Cristóvão,visíveis até no primitivo nome do "chão" onde veio a edificar-se a igreja em que o orago é o primeiro destes santos: "Alcamim". Mas Mouraria propriamente dita é, sem dúvida,a zona citadina que corresponde sensivelmente á freguesia do Socorro e parte de Santa Justa ,
mesmo até uma parte pequena da actual Graça. Tal não significa que as zonas de fixação moura não fossem muito para além destes limites: basta lembrar as hortas (modo de cultura muito próprio dos mouros ) que se estenderam até Benfica e aos actuais arredores.

Aristocrática e popular
Na Mouraria, ainda é possivel distinguir entre uma parte alta - "aristocrática" ,como muito bem lhe chamou mestre Norberto Araújo - ,situada à volta da antiga mesquita, transformada há muito em igreja católica,dita do Coléginho, e uma parte "popular", ligada `zona do Capelão,Amendoeira,Guia...

Perda de característicaS

Do que já foi dito, depreende-se facilmente que, expulsos os mouros em 1496,no já referido reinado de D.Manuel I, foram-se perdendo as características da Mouraria autêntica. Tornou-se. pois, a freguesia um centro habitacional popular, onde as ruas estreitas e formando um arremedo de labirinto, pareciam convidar a um certo grau de marginalidade.

A estúrdia e a má fama
Assim, em termos mais recente e por causa de certa fama de estúrdia, por via de lá residirem muitos fadistas - dos quais a Severa é o exemplo maior - , de meia dúzia de lendas e outros tantos factores verídicos sobre facadas e má vida,da abertura de centros canalhas de batota e vinhaça,onde se acoitavam a ladroagem e a prostituição,passou, no século XIX e princípios do século XX, a Mouraria a ser conotada principalmente com um bairro de mã fama,do qual fugiam as pessoas de bem.

Tudo lá vái...

foto de A.Filipe

sexta-feira, 5 de março de 2010

CANTINHOS DE LISBOA

Devido ao estado do tempo, não tem sido possível obter,as imagens que possam demonstrar,os cantinhos de Lisboa, e que procurarei encontrar,para melhor se recordar os tempos recentes e passados.
Como se sabe, a Mouraria é um dos bairros da cidade, aonde residiram muitos Goienses e não só,por essa razão,irei começar por este bairro;
Socorro será a próxima postagem.
Uma parte da cidade com muita história e muita tradição,que vai subindo até ao Castelo;
Fado,Fadistas,Marialvas,Mouros,Srª.da Saúde,etc..etc...
Vamos aguardar que o tempo melhor!..Não quero desiludir, quem este espaço visitar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

TEMPORAL

CAÍS DO SODRÉ!...
É preciso estar-mos AO LEME!!...
Restos de uma noite de vendaval!Nestes tempos ,em que as forças da Natureza,trazem desolação,dor e luto, a muitas partes do nosso Pais, só nos resta acreditar que depois da tempestade vem a bonança!..!
fotos de A.Filipe
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É preciso acreditar
Épreciso acreditar
Que o sorriso de quem passa
É um bem para se guardar
Que é luar,o Sol de graça
Que nos vem alumiar
Com amor alumiar
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que a canção de quem trabalha
É um bem para se guardar
Que não há nada que valha
A vontade de cantar
A qualquer hora cantar
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que uma vela ao longe solta
É um bem para se guardar
Que se um barco parte ou volta
Passará no alto mar
E que é livre o alto mar
É preciso acreditar
Épreciso acreditar
Que esta chuva que nos molha
É um bem para se guardar
Que sempre há terra que colha
Um ribeiro a despertar
Para um campo despertar
Cantou:LUÍS GOES